segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Razões por que acredito que Renato Vargens não entendeu Caio Fábio na questão do sexo antes do casamento


Em novembro/2013 começou uma polêmica na internet com repercussões nas redes sociais acerca do tema sexo antes do casamento.

Tudo começou com um pequeno vídeo, com menos de 6 minutos, onde o Pastor Caio Fábio responde a um e-mail de um jovem que diz que depois de um ano de namoro passou a fazer sexo com a namorada e pergunta, “isso é pecado”?

No vídeo Caio, sempre provocador e direto, faz algumas afirmações que despertaram reações as mais contraditórias. Há os que entendem que ele estressa o conceito da Graça de Cristo e torna-a banal. Outros que ele recupera o seu significado como numa nova reforma. Muitas acusações e julgamentos são lançados ao Pastor Caio, tido como relativista, barateador da Graça, falso profeta, réu do inferno, ensinado por demônios, etc.

Em resposta ao vídeo, o Pastor Renato Vargens escreveu no seu blog um texto. E nesse texto chama o Dr. Augustus Nicodemos, um notável teólogo calvinista contemporâneo, em favor de seus argumentos, transcrevendo um de seus textos sobre o assunto.

Como crente, filho de pastor, nascido dentro de um seminário há 57 anos, tendo vivido os bastidores eclesiásticos a vida toda, professor de jovens na igreja que frequento, me sinto desafiado a comentar. 
Tentarei faze-lo sem ferir suscetibilidades e num clima de respeito e honestidade. Conseguirei?  Correrei o risco. Julgue por si.

Farei meus comentários ponto a ponto, em vermelho:

Aqui o link para o post do Pr. Renato Vargens, que por sua vez tem um link para o vídeo em questão.

O post do Pr. Renato Vargens tem por título:

Sexo antes do casamento: razões por que acredito que Caio Fábio esteja errado

Primeiramente parabéns ao Pr. Vargens pelo título: “razões por que acredito que Caio Fábio esteja errado” parte do respeito como pressuposto do diálogo e da não dogmatização de nossos pontos de vistas. Porém, os meus parabéns infelizmente vão limitar-se ao título, por enquanto, por que me pareceu que Vargens foi, no mínimo, tendencioso em sua interpretação do que Caio disse.

O pastor Caio Fábio afirmou a pouco (veja o vídeo abaixo) que não vê nenhum problema no relacionamento sexual entre duas pessoas que se gostam. 

Não, Caio Fábio não disse em nenhum momento que não vê nenhum problema no relacionamento sexual entre duas pessoas que se gostam. Vejam o vídeo.

Na opinião de Caio desde que não haja defraudação na relação, não há problema de que os amantes se envolvam sexualmente. 

Outra vez, não, Caio Fábio não disse isso. Ao contrário, ele alertou o namorado apressado para o risco de defraudação e lançou sobre ele toda a responsabilidade disso. Caio recusou-se a chancelar o “amor” declarado do jovem como “validador” da relação sexual e jogou inteiramente sobre eles a responsabilidade pelo verdadeiro amor, que deve vincular profunda e conscientemente uma relação.  Vejam o vídeo.

Caio também disse que ele, à luz do evangelho, não pode se contrapor àqueles que agem desta forma, mesmo porque, não dá pra se convencionar o que seja casamento.

Mais uma vez, Caio não disse isso. Caio está respondendo àquela carta daquele rapaz. Ele não está fazendo teologia nem defendendo tese. Há uma sutil distorção aqui. Ele não disse que não pode “se contrapor”, a qualquer um que resolva ter sexo antes do casamento. Disse apenas uma verdade elementar: ninguém tem condição de julgar as intenções do coração humano. E afinal, quem pode dizer que qualquer sexo será sempre fornicação? “Eu não sou Deus pra saber quais são as verdades de vocês”, disse Caio. Esse é um ponto nevrálgico, porque vai na essência da coisa: julgar consciências é uma tarefa impossível para qualquer ser humano. O Código de Disciplina da IPB (igreja à qual pertenço), logo no seu Artigo 1º reconhece esse princípio: “Art.1º - A Igreja reconhece o foro íntimo da consciência, que escapa à sua jurisdição, e da qual só Deus é Juiz; mas reconhece também o foro externo que está sujeito à sua vigilância e observação.”. Então, todo juízo humano é exterior e, portanto, precário. Pode ser que aquele jovem esteja apenas fornicando, sim. Mas pode ser que não. Quem vai dizer com certeza? Quem pode julgar suas intenções profundas, o grau de seu amor e de sua fidelidade? Um papel num cartório garante alguma coisa? Fosse assim nenhum casamento civil-religioso se desfaria. Quem pode dizer se um casal que transou antes da validação civil será infiel? Ou fiel pra sempre? Caio está, a meu ver, corretíssimo: não dá pra validar um casamento com base em qualquer outra coisa que não seja o imponderável amor que reside no foro da consciência e do coração. Ponto. A igreja não tem nem nunca pode ter o poder de submeter a consciência, pois esta lhe é inacessível. Jesus tem esse poder. E a Ele ninguém poderá enganar, em hipótese alguma. Nem esse jovem e nem outro qualquer. Em vez de responder simploriamente à pergunta daquele jovem “Caio, eu estou em pecado?”, Caio devolve a pergunta: “Você está?”.  Me parece que foi nessa direção a argumentação de Caio.  

Pois bem, diante do exposto gostaria de enumerar 04 motivos porque considero que o ensino de Caio Fábio esteja equivocado:

(Fiz questão de transcrever todos os textos citados para melhor análise dos leitores)

1- Em 1 Coríntios 7:8,9, Paulo orienta a igreja dizendo que é melhor para o solteiro se case do que viver abrasado. 

Porque quereria que todos os homens fossem como eu mesmo; mas cada um tem de Deus o seu próprio dom, um de uma maneira e outro de outra.
Digo, porém, aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se ficarem como eu.
Mas, se não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se.
1 Coríntios 7:7-9

Ensino corretíssimo. Casar é o projeto de Deus para o homem. Mas, por acaso, no vídeo, Caio está ensinando o contrário? Está ensinando a libertinagem, a fornicação, o sexo sem compromisso, o sexo como resposta ao abrasamento? Melhor transar do que viver abrasado? Caio apenas diz que não pode afirmar que a ausência dos validadores sociais torna por si só pecaminoso o sexo entre dois jovens que supostamente se amam.  Tem mais variáveis nessa equação.

2- A Bíblia não permite relações sexuais fora do matrimônio (1 Coríntios 6.18-7.2) e condena a imoralidade como um pecado que afronta a santidade do Senhor.

Fugi da fornicação. Todo o pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que fornica peca contra o seu próprio corpo. 1 Coríntios 6:18
Ora, quanto às coisas que me escrevestes, bom seria que o homem não tocasse em mulher;
Mas, por causa da fornicação, cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido 1 Coríntios 7:1-2

Se fosse bom que o homem não tocasse em mulher Deus não a teria feito e dito que era muito bom. Também o casamento não é um remédio contra a fornicação e se fosse assim seria uma tragédia. O casamento monogâmico é o propósito santo de Deus para a humanidade, seja ela cristã ou não.
Certamente o ensino paulino aqui tem um contexto e já li muitas explicações teológicas sobre uma época de perseguições religiosas graves em que as normalidades da vida estariam comprometidas. A meu ver esses textos não servem para criticar o que Caio disse em seu vídeo, como pretende Vargens, porque Caio, em nenhum momento os contradiz. Caio não sancionou uma suposta fornicação daquele jovem nem a de qualquer outro. Pelo contrário, ele lança o repto e deixa a questão no ar, para que o próprio jovem se pergunte se não estaria apenas fornicando. “Em momento algum a defraude”, afirma Caio.

3-  Deus instituiu o casamento para a nossa felicidade, plenitude e segurança, e que este deve ser honrado por todos. Na Bíblia existem inúmeros versículos que declaram o sexo antes do casamento como sendo um pecado (Atos 15:20, 1 Coríntios 5:1; 6:13, 18; 10:8, 2 Coríntios 12:21, Gálatas 5:19, Efésios 5:3; Colossenses 3:5, 1 Tessalonicenses 4:3; Judas 7).

Mas escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, da fornicação, do que é sufocado e do sangue. Atos 15:20

Geralmente se ouve que há entre vós fornicação, e fornicação tal, que nem ainda entre os gentios se nomeia, como é haver quem possua a mulher de seu pai. 1 Coríntios 5:1

Os alimentos são para o estômago e o estômago para os alimentos; Deus, porém, aniquilará tanto um como os outros. Mas o corpo não é para a fornicação, senão para o Senhor, e o Senhor para o corpo. 1 Coríntios 6:13

Fugi da fornicação. Todo o pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que fornica peca contra o seu próprio corpo. 1 Coríntios 6:18

E não nos forniquemos, como alguns deles fizeram; e caíram num dia vinte e três mil
1 Coríntios 10:8

Que, quando for outra vez, o meu Deus me humilhe para convosco, e chore por muitos daqueles que dantes pecaram, e não se arrependeram da imundícia, e fornicação, e desonestidade que cometeram. 2 Coríntios 12:21

Todos os textos citados tratam de fornicação. O que todos estes textos afirmam não é, como diz Vargens, que “sexo antes do casamento é pecado” e sim que fornicação é pecado. O que Caio diz em seu vídeo é que não é possível afirmar que qualquer jovem que tenha sexo antes dos validadores sociais do casamento está simplesmente fornicando. É dura essa afirmação. Fere o poder da igreja, dos pastores, dos líderes.

“Que absurdo! Rompeu-se a corda! Agora a juventude cristã está liberada pra a libertinagem, para o desregramento, porque vai ficar a critério da consciência de cada um. Não vale mais o que a Bíblia ensina. A consciência, pecadora, fraca, até mesmo cauterizada, passou a ser o critério da verdade. Caímos no relativismo. A igreja está perdendo o poder de regular os comportamentos. Os pastores não podem mais admoestar a juventude!”.

Não penso assim mas respeito e compreendo quem pensa. De minha parte acredito que o poder do Evangelho se evidencia quando todas as normas e regras falham. Quando a grade está aberta e o preso responde “não te faças nenhum mal que todos estamos aqui”. Quando o taxista encontra a pasta com um milhão e vai devolvê-la. Quando ouvimos o barulho da água no quintal e não vamos olhar por cima do muro se há uma mulher banhando-se. Quando descobrimos um podre de alguém e, em vez de expô-lo, retemos. Regras não têm nenhum poder contra a sensualidade. Isso é bíblico. Porque é mais fácil regular o mal comportamento do que gerar bons comportamentos. Toda regra e lei tem caráter punitivo.

A Igreja tem competência para julgar as exterioridades sim. É um caminho bom e correto. Mas o caminho melhor é aquele da grade aberta, da ausência do vigia, do não faço porque não quero (não só porque é pecado), da intenção santa no coração, da árvore boa que produz bons frutos, da fonte que produz águas doces e não amargas. Pode isso ser apenas bonito em teoria e duro na prática, mas é o que devemos almejar. Se queremos cristãos maduros essa é a linha a seguir, no meu modo de ver.

4- As Escrituras ensinam que o sexo entre o marido e sua esposa é a única forma de relações sexuais que Deus aprova (Hebreus 13:4). O texto bíblico ensina que  o leito conjugal, deve ser conservado puro e sem mácula e que o Senhor julgará os imorais e os adúlteros."

Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula; porém, aos que se dão à prostituição, e aos adúlteros, Deus os julgará. Hebreus 13:4

Outra vez um versículo é usado aqui para imputar falha ao pensamento de Caio. Mas o que ele disse em seu vídeo foi justamente isso: “Deus julgará”. Caio se disse impossibilitado de julgar sumaria e taxativamente o pecado daquele jovem com base apenas no que ele informou no e-mail. “Eu não sou Deus”. Mas não deixa solta a questão. O jovem é admoestado solenemente, chamado à responsabilidade. “Não vou dizer que é amor, para não ser leviano...”,  “Se é amor, só vocês podem saber...”. “O tempo vai provar..”, “Nunca a defraude...”, “..nunca faça isso com mulher nenhuma...”. 

Quanto a relativização do casamento comum aos dias de hoje reproduzo parte de um artigo publicado pelo meu amigo Augustus Nicodemus que fez alguns comentários extremamente interessantes sobre o casamento os quais concordo plenamente e compartilho abaixo:

1) Relações sexuais diante de Deus não é bem o conceito de casamento que encontramos na Bíblia. O quadro que temos é muito mais complexo. Envolve responsabilidade pública e legal, pois tinha a ver com a herança e a proteção da esposa e os direitos dos filhos. Quando não há um compromisso oficial, mas apenas um viver juntos, como se pode falar em adultério, divórcio, herança de filhos, propriedade de terras, sustento para a desamparada, etc.? 

Bem, a lei civil está se desenvolvendo a fim de salvaguardar essas garantias no caso da união estável de sorte a, nesses aspectos, equipará-la ao casamento tradicional. Já há uma certa caminhada nessa direção e em poucos anos, pode estar certo, amigo leitor, não haverá qualquer diferença. O casamento civil socialmente aceito tende a migrar para o modelo menos formal e passar cada vez mais da esfera dos pais para a dos filhos. É um movimento natural e humano, sujeito ao pecado, como o é o casamento tradicional e tudo mais que diz respeito à nossa humanidade. Num ou noutro sistema o que fará a diferença é o amor ou a falta dele, o bom ou o mal caráter, as verdadeiras intenções e interesses, coisas que são do império da consciência, sem outra garantia que aquela assegurada ou pela graça comum ou pela graça especial (teologicamente falando).  

2) Israel era uma teocracia, isto é, Estado e Igreja estavam juntos. As festas de casamento representavam a legalização “civil” da união. Hoje, nas modernas democracias, o estado é laico, e não se precisa da cerimônia religiosa, e sim a legalização pelo poder público. Igreja não casa, pastor não casa, padre não casa. Quem casa é o juiz, representando o Estado. A Igreja faz um culto e invoca a bênção de Deus sobre o casal. No chamado “casamento religioso com efeito civil,” o pastor está agindo como se fosse o juiz, tudo acertado antes no cartório, e ratificado depois, senão perde a validade.

Ok., se a questão é a legalização pelo poder público, Caio tem razão ao relativizar os elementos culturais validadores do casamento. Ou não? Se, como diz o Dr. Nicodemus, “Igreja não casa, pastor não casa, padre não casa, quem casa é o juiz”, então esse mesmo “juiz” (lei civil) que casa no cartório agora passou a validar como casamento, para fins de direitos, a união estável. Se a validação pelo Estado é o critério para a Igreja, para o pastor ou para o padre (como sugere o Rev. Nicodemus), a consequência lógica é elementar. Eu discordo. Acho que quem casa de fato e de verdade é sim o pastor ou padre ou o religioso quem quer que seja, pois pelo menos está obedecendo a um princípio divino superior, seja ele cristão ou pagão (vide C.S.Lewis). O que o Estado faz é regular direitos, deveres e proteger inocentes. Pra mim o casamento verdadeiro é o religioso. Se a igreja se colocou a reboque do cartório, por uma questão histórica e circunstancial, no decurso do desenvolvimento do estado laico, obriga-se então a ficar também a reboque do juiz que decreta a união civil. De minha parte defendo que não deva ficar a reboque de nenhum deles. Creio que é chegado o tempo de a igreja recuperar sua autonomia religiosa em relação ao casamento entre um homem e uma mulher.

3) O “casamento” de Adão e Eva não pode ser tomado como padrão para a humanidade. Eles nem tinha umbigo! Não havia ainda estado, igreja, sociedade, pessoas. O que aprendemos com o episódio é que a vontade de Deus que a humanidade se organize em famílias, compostas de um homem e de uma mulher, e que vivam unidos para sempre, criem seus filhos e dominem a terra. A legalização e a oficialização disto é uma decorrência natural e lógica quando o pecado entrou no mundo e apareceram outras mulheres e outros homens, a luta pelas terras e propriedades, o egoísmo do homem que desampara a mulher depois de abusar dela, e assim por diante. Por este motivo encontramos leis sobre divórcio, leis sobre herança de filhos, leis sobre os filhos de uma mulher que não é a esposa legítima, etc. etc.

Perfeito, é da vontade de Deus que a humanidade se organize em famílias, compostas de um homem e de uma mulher, e que vivam unidos para sempre, criem seus filhos e dominem a terra. Depois da queda restou regular isso de alguma forma, num mundo pecador. Atualmente o estado laico se encarregou dessa atribuição pela própria natureza das coisas. O que fica para a Igreja é o princípio de origem, a vontade de Deus e essa continua a ser do domínio da consciência, das intenções, qualquer que seja a fórmula validadora. E é nessa direção que aponta a fala de Caio, pelo que entendi.

4) É evidente que as festas de casamento, com véu e grinalda, etc. são coisas absolutamente culturais e que mudam de acordo com os tempos e épocas. O que vale é que aquele momento em que os dois, diante do representante do governo (pode ser o pastor fazendo o casamento com efeito civil), prometem fidelidade, suporte, apoio e amor mútuos até que a morte os separe e assinam o contrato, que haverá de garantir os direitos deles e dos filhos, para o bem da sociedade e da família. Era isto, guardadas as devidas proporções, que acontecia nos tempos bíblicos em Israel, com os patriarcas fazendo as vezes, e depois os sacerdotes, juízes, anciãos, etc.

Então, “o que vale é aquele momento dos dois, diante do representante do governo”? Fala sério! O que vale, Reverendo, o que vale de verdade é a consciência do cidadão pecador, cristão ou não, as verdadeiras intenções e interesses. Se for cristão, maior ainda a responsabilidade e o compromisso. No juiz ou no pastor ou no padre ou seja diante de quem represente por mandato a lei civil, nada garantirá a verdade de um casamento entre um homem e uma mulher senão as garantias espirituais ou morais que estão no império inviolável da consciência, quaisquer que sejam os validadores civis, legais ou culturais, união estável incluída.

5) União civil não é casamento, mas um mecanismo para garantir os direitos dos que vivem juntos a um tempo, como se casados fossem.  

Isso é, a meu ver, apenas um jogo de semântica para despistar o real ponto em questão. Muitos casais em união estável há anos, com famílias criadas e bem estruturadas estão aí. Alguns aproveitam as campanhas do judiciário (casamentos comunitários) para “legalizarem” seus casamentos, pois ainda resta a noção da superioridade do casamento tradicional. Mas isso é apenas uma memória cultural. Os que buscam essa via estão dizendo a si próprios e ao mundo que seus casamentos foram e são “de verdade”, e se para isso for ainda necessário o papel do cartório como “prova legal”, que seja! No entanto a verdade do casamento independe dessa prova, tanto que muitos permanecem na união estável e vivem seus casamentos fiéis até a morte. A fidelidade e o amor jamais poderão ser garantidos por um contrato. O contrato é apenas um regulador civil de direitos e obrigações. E a lei evoluiu para dispensar sua formalidade e considerar os fatos para fins da proteção e regulação desses direitos. Se o Estado, pela lei civil, humana, limitada e falha, resolve acolher a decisão de foro íntimo, priorizando a vontade de um casal que supostamente se ama deveria, na minha opinião, a Igreja valorizar ainda mais esse foro, para onde convergem os apelos da Graça de Jesus pela resposta voluntária dos conversos transformados por esta mesma Graça.

Concluo essa breve reflexão lembrando de Paulo que ao escrever a Timóteo disse:  

 "... Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência, que proíbem o casamento..." (1Tim 4.1-3).  

O versículo foi pinçado e truncado. Será que haveria aqui uma sutil insinuação de que o Pr. Caio estaria associado à categoria dos apóstatas, dos que obedecem a demônios, dos hipócritas, dos mentirosos, dos que têm a consciência cauterizada e dos que proíbem o casamento?  Quero crer que não, mas, sinceramente, sou tentado a achar que sim.   

Que Deus nos livre deste relativismo que tanto mal tem feito a igreja brasileira. 

Que Deus nos livre de julgamentos dessa natureza.

Pense nisso! 

Pense nisso!

Renato Vargens 

Faustino Junior.