Minhas anotações sobre o livro “A
Linguagem de Deus”, de Francis Collins – Parte IX
Continuamos na terceira parte do
livro com o tema: “Fé na ciência, fé em Deus”.
Vamos ao capítulo 8 onde Collins faz sua avaliação sobre o Criacionismo.
Ele inicia lamentando o desgaste do
termo “criacionismo”. (Aliás, a meu ver, tem sido comum que adjetivos transformem-se
em substantivos: igreja “católica”, igreja “evangélica”, igreja “universal”. Acontece
o mesmo com o criacionismo e essa palavra passou a ter conotação pejorativa no
meio científico. É um verdadeiro palavrão. Dawkins chegou a decidir que nunca
mais debateria, conversaria nem mesmo daria entrevistas a criacionistas).
Collins “cai matando” no “Criacionismo
da Terra Jovem” (YEC em inglês), aquele que tem uma leitura da criação em dias
de 24 horas, da idade de 10 mil anos para a terra, da criação por Deus de todas
as espécies, da criação por Deus de Adão e Eva no Paraíso. Diz que o YEC alega
que a evolução é uma mentira - não é; que o cálculo de idade por radiação é
falho - não é; que a segunda lei da termodinâmica anula a evolução - não anula;
que os homens conviveram com os dinos – não, os dinos foram extintos milhares
de anos antes do homem aparecer no cenário; que os “elos perdidos” nunca foram
encontrados simplesmente porque não existem - existem e muitos foram encontrados;
que a universalidade do DNA é prova de que Deus criou a vida com uma base comum
– não, é prova de que a vida evoluiu de um ancestral comum; que a microevolução
é aceitável mas não a macroevolução (uma espécie transformar-se em outra).
Collins não deixa margem para negociações: o YEC é totalmente incompatível com
a ciência pelo que se sabe hoje. Caso as alegações do YEC fossem verdadeiras
ciências como a química, a física, a biologia, a geologia e a cosmologia seriam
totalmente destruídas. O YEC é tão absurdo, segundo Collins, como 2+2=5. Diz que é quase incompreensível ser esta visão
defendida por cerca de 45% da população de um país tão desenvolvido
cientificamente como os States. Talvez por respeito, reconhece a sinceridade
dos religiosos defensores do YEC, mas credita-a ao medo que eles têm de que a
ciência venha a destronar Deus, ou simplesmente a um fundamentalismo cego e
ilógico.
Collins é contrário a interpretações literais
do Gênesis. Diz que isso não é necessário à fé cristã. Diz que nunca houve
consenso cristão sobre o tema, mesmo séculos antes de Darwin. Chama Santo
Agostinho em defesa de uma leitura alegórica de Gênesis 1 e 2. Diz que o
literalismo de hoje parece ser mais uma reação ao darwinismo do que matéria de
fé. Cita várias passagens bíblicas onde a leitura literal cria dificuldades.
Volta a questionar o medo dos fundamentalistas com o mesmo argumento de
capítulos anteriores: se Deus existe mesmo e é mesmo onipotente, poderia a
ciência destruí-lo? Collins critica mais
duramente o YEC por ter criado argumentos absurdos em sua defesa, como o de que
Deus teria criado todas essas provas falsas que a ciência está encontrando
apenas para despistar, confundir os incrédulos e testar a fé dos crentes. Segundo
ele o YEC chegou ao suicídio intelectual, seja como ciência, seja como teologia,
ao elaborar essa imagem esdrúxula de Deus como um trapaceiro cósmico.
Collins termina esse capítulo com um
chamado à razão: concorda que é preciso resistir como todas as forças ao
domínio do materialismo reducionista, mas não com base em argumentos
irracionais.
Assim, ao que parece, para Collins, o
Criacionismo também é um palavrão. Nos
capítulos seguintes ele trata do DI (Design Inteligente) e da BioLogos. Suas
ideias sobre Adão e Eva ficam mais claras: eles não seriam os únicos seres
humanos na terra quando Deus “os criou”.
Curioso? Aguarde...
Que subam as letrinhas...
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