Em novembro/2013 começou
uma polêmica na internet com repercussões nas redes sociais acerca do tema sexo
antes do casamento.
Tudo começou com um
pequeno vídeo, com menos de 6 minutos, onde o Pastor Caio Fábio responde a um
e-mail de um jovem que diz que depois de um ano de namoro passou a fazer sexo
com a namorada e pergunta, “isso é pecado”?
No vídeo Caio, sempre
provocador e direto, faz algumas afirmações que despertaram reações as mais
contraditórias. Há os que entendem que ele estressa o conceito da Graça de
Cristo e torna-a banal. Outros que ele recupera o seu significado como numa
nova reforma. Muitas acusações e julgamentos são lançados ao Pastor Caio, tido
como relativista, barateador da Graça, falso profeta, réu do inferno, ensinado
por demônios, etc.
Em resposta ao vídeo,
o Pastor Renato Vargens escreveu no seu blog um texto. E nesse texto chama o Dr.
Augustus Nicodemos, um notável teólogo calvinista contemporâneo, em favor de
seus argumentos, transcrevendo um de seus textos sobre o assunto.
Como crente, filho de
pastor, nascido dentro de um seminário há 57 anos, tendo vivido os bastidores
eclesiásticos a vida toda, professor de jovens na igreja que frequento, me
sinto desafiado a comentar.
Tentarei faze-lo sem ferir suscetibilidades e num
clima de respeito e honestidade. Conseguirei?
Correrei o risco. Julgue por si.
Farei meus comentários
ponto a ponto, em vermelho:
Aqui o link para o
post do Pr. Renato Vargens, que por sua vez tem um link para o vídeo em
questão.
O post do Pr. Renato
Vargens tem por título:
Sexo antes do
casamento: razões por que acredito que Caio Fábio esteja errado
Primeiramente parabéns ao
Pr. Vargens pelo título: “razões por que acredito que Caio Fábio esteja errado”
parte do respeito como pressuposto do diálogo e da não dogmatização de nossos
pontos de vistas. Porém, os meus parabéns infelizmente vão limitar-se ao
título, por enquanto, por que me pareceu que Vargens foi, no mínimo, tendencioso
em sua interpretação do que Caio disse.
O pastor Caio Fábio afirmou a pouco (veja o
vídeo abaixo) que não vê nenhum problema no relacionamento sexual entre duas
pessoas que se gostam.
Não, Caio Fábio não disse em nenhum momento que não
vê nenhum problema no relacionamento sexual entre duas pessoas que se gostam.
Vejam o vídeo.
Na opinião de Caio desde que não haja
defraudação na relação, não há problema de que os amantes se envolvam
sexualmente.
Outra vez, não, Caio Fábio não disse isso. Ao
contrário, ele alertou o namorado apressado para o risco de defraudação e lançou
sobre ele toda a responsabilidade disso. Caio recusou-se a chancelar o “amor”
declarado do jovem como “validador” da relação sexual e jogou inteiramente
sobre eles a responsabilidade pelo verdadeiro amor, que deve vincular profunda
e conscientemente uma relação. Vejam o
vídeo.
Caio também disse que ele, à luz do evangelho,
não pode se contrapor àqueles que agem desta forma, mesmo porque, não dá pra se
convencionar o que seja casamento.
Mais uma vez, Caio não disse isso. Caio está
respondendo àquela carta daquele rapaz. Ele não está fazendo teologia nem
defendendo tese. Há uma sutil distorção aqui. Ele não disse que não pode “se
contrapor”, a qualquer um que resolva ter sexo antes do casamento. Disse apenas
uma verdade elementar: ninguém tem condição de julgar as intenções do coração
humano. E afinal, quem pode dizer que qualquer sexo será sempre fornicação? “Eu
não sou Deus pra saber quais são as verdades de vocês”, disse Caio. Esse é um
ponto nevrálgico, porque vai na essência da coisa: julgar consciências é uma
tarefa impossível para qualquer ser humano. O Código de Disciplina da IPB
(igreja à qual pertenço), logo no seu Artigo 1º reconhece esse princípio: “Art.1º
- A Igreja reconhece o foro íntimo da consciência, que escapa à sua jurisdição,
e da qual só Deus é Juiz; mas reconhece também o foro externo que está sujeito à
sua vigilância e observação.”. Então, todo juízo humano é exterior e, portanto,
precário. Pode ser que aquele jovem esteja apenas fornicando, sim. Mas pode ser
que não. Quem vai dizer com certeza? Quem pode julgar suas intenções profundas,
o grau de seu amor e de sua fidelidade? Um papel num cartório garante alguma
coisa? Fosse assim nenhum casamento civil-religioso se desfaria. Quem pode dizer
se um casal que transou antes da validação civil será infiel? Ou fiel pra
sempre? Caio está, a meu ver, corretíssimo: não dá pra validar um casamento com
base em qualquer outra coisa que não seja o imponderável amor que reside no
foro da consciência e do coração. Ponto. A igreja não tem nem nunca pode ter o
poder de submeter a consciência, pois esta lhe é inacessível. Jesus tem esse
poder. E a Ele ninguém poderá enganar, em hipótese alguma. Nem esse jovem e nem
outro qualquer. Em vez de responder simploriamente à pergunta daquele jovem “Caio,
eu estou em pecado?”, Caio devolve a pergunta: “Você está?”. Me parece que foi nessa direção a argumentação
de Caio.
Pois bem, diante do exposto gostaria de
enumerar 04 motivos porque considero que o ensino de Caio Fábio esteja
equivocado:
(Fiz questão de transcrever todos os textos citados
para melhor análise dos leitores)
1- Em 1 Coríntios 7:8,9, Paulo orienta a igreja
dizendo que é melhor para o solteiro se case do que viver abrasado.
Porque quereria que todos os homens fossem como eu mesmo; mas cada um
tem de Deus o seu próprio dom, um de uma maneira e outro de outra.
Digo,
porém, aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se ficarem como eu.
Mas,
se não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se.
1 Coríntios 7:7-9
Ensino
corretíssimo. Casar é o projeto de Deus para o homem. Mas, por acaso, no vídeo,
Caio está ensinando o contrário? Está ensinando a libertinagem, a fornicação, o
sexo sem compromisso, o sexo como resposta ao abrasamento? Melhor transar do
que viver abrasado? Caio apenas diz que não pode afirmar que a ausência dos
validadores sociais torna por si só pecaminoso o sexo entre dois jovens que
supostamente se amam. Tem mais variáveis
nessa equação.
2- A Bíblia não permite relações sexuais fora do matrimônio (1 Coríntios
6.18-7.2) e condena a imoralidade como um pecado que afronta a santidade do
Senhor.
Fugi da fornicação. Todo o pecado que o homem comete é fora do corpo;
mas o que fornica peca contra o seu próprio corpo. 1 Coríntios 6:18
Ora, quanto às coisas que me escrevestes, bom seria que o homem não
tocasse em mulher;
Mas, por causa da fornicação, cada um tenha a sua própria mulher, e cada
uma tenha o seu próprio marido 1 Coríntios 7:1-2
Se fosse
bom que o homem não tocasse em mulher Deus não a teria feito e dito que era
muito bom. Também o casamento não é um remédio contra a fornicação e se fosse
assim seria uma tragédia. O casamento monogâmico é o propósito santo de Deus
para a humanidade, seja ela cristã ou não.
Certamente
o ensino paulino aqui tem um contexto e já li muitas explicações teológicas
sobre uma época de perseguições religiosas graves em que as normalidades da vida
estariam comprometidas. A meu ver esses textos não servem para criticar o que Caio
disse em seu vídeo, como pretende Vargens, porque Caio, em nenhum momento os
contradiz. Caio não sancionou uma suposta fornicação daquele jovem nem a de
qualquer outro. Pelo contrário, ele lança o repto e deixa a questão no ar, para
que o próprio jovem se pergunte se não estaria apenas fornicando. “Em momento
algum a defraude”, afirma Caio.
3- Deus instituiu o casamento para a nossa felicidade, plenitude e
segurança, e que este deve ser honrado por todos. Na Bíblia existem inúmeros
versículos que declaram o sexo antes do casamento como sendo um pecado (Atos
15:20, 1 Coríntios 5:1; 6:13, 18; 10:8, 2 Coríntios 12:21, Gálatas 5:19,
Efésios 5:3; Colossenses 3:5, 1 Tessalonicenses 4:3; Judas 7).
Mas escrever-lhes que se abstenham das
contaminações dos ídolos, da fornicação, do que é sufocado e do sangue.
Atos 15:20
Geralmente se ouve que há entre vós fornicação,
e fornicação tal, que nem ainda entre os gentios se nomeia, como é haver
quem possua a mulher de seu pai. 1 Coríntios 5:1
Os alimentos são para o estômago e o estômago
para os alimentos; Deus, porém, aniquilará tanto um como os outros. Mas o corpo
não é para a fornicação, senão para o Senhor, e o Senhor para o corpo.
1 Coríntios 6:13
Fugi da fornicação. Todo o pecado que o
homem comete é fora do corpo; mas o que fornica peca contra o seu próprio corpo.
1 Coríntios 6:18
E não nos forniquemos, como alguns deles
fizeram; e caíram num dia vinte e três mil
1 Coríntios 10:8
Que, quando for outra vez, o meu Deus me
humilhe para convosco, e chore por muitos daqueles que dantes pecaram, e não se
arrependeram da imundícia, e fornicação, e desonestidade que cometeram.
2 Coríntios 12:21
Todos os
textos citados tratam de fornicação. O que todos estes textos afirmam não é,
como diz Vargens, que “sexo antes do casamento é pecado” e sim que fornicação
é pecado. O que Caio diz em seu vídeo é que não é possível afirmar que qualquer
jovem que tenha sexo antes dos validadores sociais do casamento está
simplesmente fornicando. É dura essa afirmação. Fere o poder da igreja, dos
pastores, dos líderes.
“Que
absurdo! Rompeu-se a corda! Agora a juventude cristã está liberada pra a
libertinagem, para o desregramento, porque vai ficar a critério da consciência
de cada um. Não vale mais o que a Bíblia ensina. A consciência, pecadora,
fraca, até mesmo cauterizada, passou a ser o critério da verdade. Caímos no
relativismo. A igreja está perdendo o poder de regular os comportamentos. Os
pastores não podem mais admoestar a juventude!”.
Não penso
assim mas respeito e compreendo quem pensa. De minha parte acredito que o poder
do Evangelho se evidencia quando todas as normas e regras falham. Quando a
grade está aberta e o preso responde “não te faças nenhum mal que todos estamos
aqui”. Quando o taxista encontra a pasta com um milhão e vai devolvê-la. Quando
ouvimos o barulho da água no quintal e não vamos olhar por cima do muro se há
uma mulher banhando-se. Quando descobrimos um podre de alguém e, em vez de
expô-lo, retemos. Regras não têm nenhum poder contra a sensualidade. Isso é
bíblico. Porque é mais fácil regular o mal comportamento do que gerar bons
comportamentos. Toda regra e lei tem caráter punitivo.
A Igreja
tem competência para julgar as exterioridades sim. É um caminho bom e correto.
Mas o caminho melhor é aquele da grade aberta, da ausência do vigia, do não
faço porque não quero (não só porque é pecado), da intenção santa no coração,
da árvore boa que produz bons frutos, da fonte que produz águas doces e não
amargas. Pode isso ser apenas bonito em teoria e duro na prática, mas é o que
devemos almejar. Se queremos cristãos maduros essa é a linha a seguir, no meu
modo de ver.
4- As Escrituras ensinam que o sexo entre o
marido e sua esposa é a única forma de relações sexuais que Deus aprova
(Hebreus 13:4). O texto bíblico ensina que o leito conjugal, deve ser
conservado puro e sem mácula e que o Senhor julgará os imorais e os adúlteros."
Venerado seja entre todos o matrimônio e o
leito sem mácula; porém, aos que se dão à prostituição, e aos adúlteros, Deus
os julgará. Hebreus 13:4
Outra
vez um versículo é usado aqui para imputar falha ao pensamento de Caio. Mas o
que ele disse em seu vídeo foi justamente isso: “Deus julgará”. Caio se disse
impossibilitado de julgar sumaria e taxativamente o pecado daquele jovem com
base apenas no que ele informou no e-mail. “Eu não sou Deus”. Mas não deixa
solta a questão. O jovem é admoestado solenemente, chamado à responsabilidade. “Não
vou dizer que é amor, para não ser leviano...”, “Se é amor, só vocês podem saber...”. “O tempo
vai provar..”, “Nunca a defraude...”, “..nunca faça isso com mulher nenhuma...”.
Quanto a relativização do casamento comum aos dias de hoje reproduzo parte de
um artigo publicado pelo meu amigo Augustus
Nicodemus que fez alguns comentários extremamente interessantes
sobre o casamento os quais concordo plenamente e compartilho abaixo:
1) Relações sexuais diante de Deus não é bem o conceito de casamento que
encontramos na Bíblia. O quadro que temos é muito mais complexo. Envolve
responsabilidade pública e legal, pois tinha a ver com a herança e a proteção
da esposa e os direitos dos filhos. Quando não há um compromisso oficial, mas
apenas um viver juntos, como se pode falar em adultério, divórcio, herança de
filhos, propriedade de terras, sustento para a desamparada, etc.?
Bem, a lei civil está se desenvolvendo a fim de
salvaguardar essas garantias no caso da união estável de sorte a, nesses
aspectos, equipará-la ao casamento tradicional. Já há uma certa caminhada nessa
direção e em poucos anos, pode estar certo, amigo leitor, não haverá qualquer
diferença. O casamento civil socialmente aceito tende a migrar para o modelo
menos formal e passar cada vez mais da esfera dos pais para a dos filhos. É um
movimento natural e humano, sujeito ao pecado, como o é o casamento tradicional
e tudo mais que diz respeito à nossa humanidade. Num ou noutro sistema o que
fará a diferença é o amor ou a falta dele, o bom ou o mal caráter, as verdadeiras
intenções e interesses, coisas que são do império da consciência, sem outra garantia
que aquela assegurada ou pela graça comum ou pela graça especial
(teologicamente falando).
2) Israel era uma teocracia, isto é, Estado e Igreja estavam juntos. As festas
de casamento representavam a legalização “civil” da união. Hoje, nas modernas
democracias, o estado é laico, e não se precisa da cerimônia religiosa, e sim a
legalização pelo poder público. Igreja não casa, pastor não casa, padre não
casa. Quem casa é o juiz, representando o Estado. A Igreja faz um culto e
invoca a bênção de Deus sobre o casal. No chamado “casamento religioso com
efeito civil,” o pastor está agindo como se fosse o juiz, tudo acertado antes
no cartório, e ratificado depois, senão perde a validade.
Ok., se a questão é a legalização pelo poder
público, Caio tem razão ao relativizar os elementos culturais validadores do
casamento. Ou não? Se, como diz o Dr. Nicodemus, “Igreja não casa, pastor não
casa, padre não casa, quem casa é o juiz”, então esse mesmo “juiz” (lei civil)
que casa no cartório agora passou a validar como casamento, para fins de
direitos, a união estável. Se a validação pelo Estado é o critério para a
Igreja, para o pastor ou para o padre (como sugere o Rev. Nicodemus), a consequência
lógica é elementar. Eu discordo. Acho que quem casa de fato e de verdade é sim o
pastor ou padre ou o religioso quem quer que seja, pois pelo menos está
obedecendo a um princípio divino superior, seja ele cristão ou pagão (vide
C.S.Lewis). O que o Estado faz é regular direitos, deveres e proteger
inocentes. Pra mim o casamento verdadeiro é o religioso. Se a igreja se colocou
a reboque do cartório, por uma questão histórica e circunstancial, no decurso
do desenvolvimento do estado laico, obriga-se então a ficar também a reboque do
juiz que decreta a união civil. De minha parte defendo que não deva ficar a
reboque de nenhum deles. Creio que é chegado o tempo de a igreja recuperar sua autonomia
religiosa em relação ao casamento entre um homem e uma mulher.
3) O “casamento” de Adão e Eva não pode ser tomado como padrão para a
humanidade. Eles nem tinha umbigo! Não havia ainda estado, igreja, sociedade,
pessoas. O que aprendemos com o episódio é que a vontade de Deus que a
humanidade se organize em famílias, compostas de um homem e de uma mulher, e
que vivam unidos para sempre, criem seus filhos e dominem a terra. A
legalização e a oficialização disto é uma decorrência natural e lógica quando o
pecado entrou no mundo e apareceram outras mulheres e outros homens, a luta
pelas terras e propriedades, o egoísmo do homem que desampara a mulher depois
de abusar dela, e assim por diante. Por este motivo encontramos leis sobre
divórcio, leis sobre herança de filhos, leis sobre os filhos de uma mulher que
não é a esposa legítima, etc. etc.
Perfeito, é da vontade de Deus que a humanidade se
organize em famílias, compostas de um homem e de uma mulher, e que vivam unidos
para sempre, criem seus filhos e dominem a terra. Depois da queda restou
regular isso de alguma forma, num mundo pecador. Atualmente o estado laico se
encarregou dessa atribuição pela própria natureza das coisas. O que fica para a
Igreja é o princípio de origem, a vontade de Deus e essa continua a ser do
domínio da consciência, das intenções, qualquer que seja a fórmula validadora. E
é nessa direção que aponta a fala de Caio, pelo que entendi.
4) É evidente que as festas de casamento, com
véu e grinalda, etc. são coisas absolutamente culturais e que mudam de acordo
com os tempos e épocas. O que vale é que aquele momento em que os dois, diante
do representante do governo (pode ser o pastor fazendo o casamento com efeito
civil), prometem fidelidade, suporte, apoio e amor mútuos até que a morte os
separe e assinam o contrato, que haverá de garantir os direitos deles e dos
filhos, para o bem da sociedade e da família. Era isto, guardadas as devidas
proporções, que acontecia nos tempos bíblicos em Israel, com os patriarcas
fazendo as vezes, e depois os sacerdotes, juízes, anciãos, etc.
Então, “o que vale é aquele momento dos dois,
diante do representante do governo”? Fala sério! O que vale, Reverendo, o que
vale de verdade é a consciência do cidadão pecador, cristão ou não, as
verdadeiras intenções e interesses. Se for cristão, maior ainda a responsabilidade
e o compromisso. No juiz ou no pastor ou no padre ou seja diante de quem
represente por mandato a lei civil, nada garantirá a verdade de um casamento entre
um homem e uma mulher senão as garantias espirituais ou morais que estão no
império inviolável da consciência, quaisquer que sejam os validadores civis,
legais ou culturais, união estável incluída.
5) União civil não é casamento, mas um
mecanismo para garantir os direitos dos que vivem juntos a um tempo, como se
casados fossem.
Isso é, a meu ver, apenas um jogo de semântica para
despistar o real ponto em questão. Muitos casais em união estável há anos, com
famílias criadas e bem estruturadas estão aí. Alguns aproveitam as campanhas do
judiciário (casamentos comunitários) para “legalizarem” seus casamentos, pois
ainda resta a noção da superioridade do casamento tradicional. Mas isso é
apenas uma memória cultural. Os que buscam essa via estão dizendo a si próprios
e ao mundo que seus casamentos foram e são “de verdade”, e se para isso for
ainda necessário o papel do cartório como “prova legal”, que seja! No entanto a
verdade do casamento independe dessa prova, tanto que muitos permanecem na
união estável e vivem seus casamentos fiéis até a morte. A fidelidade e o amor
jamais poderão ser garantidos por um contrato. O contrato é apenas um regulador
civil de direitos e obrigações. E a lei evoluiu para dispensar sua formalidade
e considerar os fatos para fins da proteção e regulação desses direitos. Se o
Estado, pela lei civil, humana, limitada e falha, resolve acolher a decisão de
foro íntimo, priorizando a vontade de um casal que supostamente se ama deveria,
na minha opinião, a Igreja valorizar ainda mais esse foro, para onde convergem
os apelos da Graça de Jesus pela resposta voluntária dos conversos
transformados por esta mesma Graça.
Concluo essa breve reflexão lembrando de Paulo
que ao escrever a Timóteo disse:
"... Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos
tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a
ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm
cauterizada a própria consciência, que proíbem o casamento..." (1Tim
4.1-3).
O versículo foi pinçado e truncado. Será que haveria
aqui uma sutil insinuação de que o Pr. Caio estaria associado à categoria dos apóstatas,
dos que obedecem a demônios, dos hipócritas, dos mentirosos, dos que têm a
consciência cauterizada e dos que proíbem o casamento? Quero crer que não, mas, sinceramente, sou
tentado a achar que sim.
Que Deus nos livre deste relativismo que tanto
mal tem feito a igreja brasileira.
Que Deus nos livre de julgamentos dessa natureza.
Pense nisso!
Pense nisso!
Renato Vargens
Faustino Junior.