Três dias atrás fazia eu uma
consulta jurídica gratuita ao meu amigo Eli Medeiros. Depois dos assuntos
técnicos a conversa resvalou para a IPB e temas da fé. “Nós não oramos para
mudar a vontade de Deus e sim para nos conformar a ela”, disparou o eminente
advogado. Concordei por impulso, como bom presbiteriano reformado, para quem a
soberania do Altíssimo é um dos, senão o, mais caro conceito teológico. Mas, quando saí,
passei a refletir um pouco mais. Sem qualquer chance de vencer o debate, mas,
uma perguntinha furou o meu balão reformado: e se a mudança de planos fizer
parte do Plano? E se mudar sua vontade
estiver no âmbito de sua soberania? Por que o evangelho nos despistaria com
coisas como “A oração da fé salvará o doente”; ou “Pedi e dar-se-vos-á; buscai
e achareis, batei e abrir-se-vos-á”? Ou, por outra: “Pedis e não recebeis
porque pedis mal, para esbanjardes em vossos próprios prazeres”; ou “E tudo o
que pedirdes em meu nome, crendo, recebereis”; ou “Se, porém, algum de vós necessita de
sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e
ser-lhe-á concedida. Peça-a, porém, com
fé, em nada duvidando; pois o que duvida é semelhante à onda do mar, impelida e
agitada pelo vento. Não suponha esse
homem que alcançará do Senhor alguma coisa.”. Faltaria espaço aqui para
afirmações similares ao longo do NT.
Estaria em risco a soberania de
Deus se ele mudar de planos dentro de seu Plano maior? Isso é a minha cabecinha
humana funcionando dentro da lógica humana. Mas Deus segue sua própria lógica,
a nós, na verdade, inacessível, ou melhor, acessível no exato limite da própria
revelação. Acabava eu de ter esse pensamento quando lembrei-me que, no meio da conversa,
o nobre edil disparara outra: “A revelação de Deus ao homem deu-se na exata
medida da necessidade”. Respirei
aliviado! Fecho 100%. Pena que os teólogos (parte deles), embevecidos pelo
fascinante estudo da revelação, creiam nisso por princípio, mas na prática, aparentemente,
acabam por esquecer. A Bíblia é a
revelação completa do que Deus quis revelar. Então, fiquemos calmos, pois
haveremos de ter muitas surpresas. A
responsabilidade de julgar o mundo é do Supremo Juiz. E ele julgará com
justiça. E não vai precisar de advogado, infelizmente, para o meu caro amigo.
De engenheiro, lá na frente, talvez,
quem sabe (há uma chance!); mas de advogado, com certeza, não! Então, vamos orar! Porque, afinal, é uma
ordenança: “Orai sem cessar”. De minha
parte continuarei a acreditar que Deus pode mudar de planos. Mas estarei sempre
pronto a receber sua vontade contrária a meus pedidos e a oração vai servir
para conformar minha vontade à d´Ele.
E você, o que pensa?
(Faustino Jr.)
Hoje estou com o módulo comentador ligado! Acho que é a solidão. Pois bem...
ResponderExcluirPenso que a oração seja um mecanismo de relacionamento. Como estamos sempre em déficit e necessitados, seja de alguma coisa específica ou de um preenchimento de Graça em nossa alma, o evangelho é repleto dessa conotação do "pedir", "buscar", etc.
Deus é magnânimo e benigno. Talvez essa seja uma forma de aproximação dÊle conosco em termos mais humanos, mais compreensíveis à nossa percepção, além de uma proposta de exercício da nossa fé. O que implica também em aprendizado quanto ao que pomos na mesa durante esse encontro espiritual.
Assim vamos tomando forma com Sua vontade, lutando para compreender o incompreensível.