Continuando na segunda parte do
livro, com o tema geral “As Grandes Questões da Existência Humana”, chegamos ao
capítulo 4, que tem por subtema “A origem da vida na terra”.
O autor começa com a afirmação de que
os avanços da ciência na era moderna afetaram alguns motivos tradicionais para
se crer em Deus. O mais importante deles foi o argumento da complexidade da
vida na terra, que sempre teve grande peso para os teístas como indício de
desígnio, e, por consequência, de um planejador. Traz de novo à cena um dos
nomes mais recorrentes quando se fala em desígnio: William Paley (filósofo
moral e pastor anglicano) e sua Teologia Natural, de 1802, com o seu relógio
encontrado no mato que exige a existência de um relojoeiro. (Lembro aqui que Richard
Dawkins ironizou essa imagem de Paley no título de um de seus mais famosos livros
sobre evolução e seleção natural: “O Relojoeiro Cego”). Collins cita,
corretamente, que o próprio Darwin, antes da viagem no Beagle, era fã de Paley
e lhe dava crédito. Mas tudo mudou depois de “A Origem das Espécies”, publicado
em 1859.
Collins, seguindo os passos de Darwin,
alinha-se aos materialistas ao negar
maior valor à complexidade da vida como indício de desígnio. E recomenda aos cristãos não temer que a
ciência venha a destronar Deus pois se ele existe e é todo poderoso não pode
ser ameaçado pela ciência (um bom argumento, com certeza). Segue falando sobre
as teorias da origem da vida na terra, mas fecha com a conclusão já bem
conhecida por todos: apesar de todas as pesquisas, teorias e experimentos, a origem
da vida ainda é um mistério. Mas uma vez volta ao argumento da cautela,
pois não é necessário lançar à conta de
Deus mistérios que a ciência algum dia poderá resolver (argumento também
conhecido como “o Deus das lacunas”).
Sobre o registro fóssil, depois de um
breve resumo, Collins mais uma vez alinha-se aos evolucionistas ao afirmar que,
apesar das imperfeições e falhas, praticamente todos os achados são coerentes
com o conceito de uma árvore da vida e que há evidências de transição de
espécies de répteis para aves e de répteis para mamíferos.
Então, nesse ponto, passa a tratar da
questão nevrálgica: as ideias evolucionárias de Darwin. Fala da viagem no navio
HMS Beagle e toda aquela história já bem conhecida. Apresenta um resumo da
teoria, também já de domínio do público em geral: todas as espécies descenderiam
de uns poucos ancestrais, talvez de um único; que a variação das espécies
ocorre de modo aleatório; que a sobrevivência ou a extinção de espécies é uma
resposta adaptativa ao ambiente e que a seleção natural é o agente de todo esse
processo. Fala sobre os profundos impactos e embates teóricos e teológicos
originados desde então. Fala das ambíguas posições religiosas de Darwin depois
da publicação de “A Origem”, que são também já bastante conhecidas do público: Darwin, no final do livro, credita ao Criador os primeiros ancestrais
ou possivelmente o único, originador da árvore da vida. Em alguns momentos se
diz agnóstico e em outros teísta. Finalizando Collins fecha totalmente com o
evolucionismo darwiniano ao afirmar que nenhum biólogo sério duvida que a
teoria da evolução explique a complexidade e a diversidade da vida. “Fica difícil imaginar como seria possível
estudar a vida sem essa base”. Mas reconhece
essa como a questão mais conflituosa da ciência diante da perspectiva religiosa,
notadamente nos Estados Unidos, e não vê sinais de que chegará ao fim.
Para finalizar o capítulo Collins
chama o tema da genética. A teoria da evolução fora uma das ideias mais
visionárias de seu tempo pois não dispunha de um mecanismo físico que a
explicasse. A genética veio tempos depois para oferecer esse mecanismo. Embora
Mendel, o famoso criador da genética, tenha sido contemporâneo de Darwin, eles
nunca se conheceram. E também as suas ideias ficaram esquecidas até a virada do século XX. A
genética mendeliana começou a fornecer as primeiras bases para o mecanismo
evolutivo. Mas somente com a descoberta de que o DNA transportava informações,
feita por Watson e Crick em 1953 (faltavam 3 anos para eu nascer, hehe...) a
verdadeira revolução começou na biologia. Então Collins fala de sua estupefação
diante do DNA e segue por algumas páginas com um resumo explicativo do que é, como
funciona e fala dos principais conceitos e funções ligados a essa maravilhosa
estrutura, cujo estudo levou à criação de um campo de conhecimentos completamente
novo na ciência, a Biologia Molecular. Collins diz que o DNA pode ser desconcertante
para os que adotam o argumento do “plano” como apontamento para Deus. Mas diz
que para si “não há uma só partícula de decepção ou desilusão nessas
descobertas”. Acredita que o fato de a evolução ser real nada diz sobre a
natureza de Deus como seu criador. “Para quem acredita em Deus, agora existem
motivos para ter mais fé e não menos”, conclui.
Subam as letrinhas... fim de programa. Até o próximo post.
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