sexta-feira, 27 de setembro de 2013

A Linguagem de Deus - Parte VI

Minhas anotações sobre o livro “A Linguagem de Deus”, de Francis Collins – Parte VI









Continuando na segunda parte do livro, com o tema geral “As Grandes Questões da Existência Humana”, chegamos ao capítulo 4, que tem por subtema “A origem da vida na terra”. 

O autor começa com a afirmação de que os avanços da ciência na era moderna afetaram alguns motivos tradicionais para se crer em Deus. O mais importante deles foi o argumento da complexidade da vida na terra, que sempre teve grande peso para os teístas como indício de desígnio, e, por consequência, de um planejador. Traz de novo à cena um dos nomes mais recorrentes quando se fala em desígnio: William Paley (filósofo moral e pastor anglicano) e sua Teologia Natural, de 1802, com o seu relógio encontrado no mato que exige a existência de um relojoeiro. (Lembro aqui que Richard Dawkins ironizou essa imagem de Paley no título de um de seus mais famosos livros sobre evolução e seleção natural: “O Relojoeiro Cego”). Collins cita, corretamente, que o próprio Darwin, antes da viagem no Beagle, era fã de Paley e lhe dava crédito. Mas tudo mudou depois de “A Origem das Espécies”, publicado em 1859.  

Collins, seguindo os passos de Darwin,  alinha-se aos materialistas ao negar maior valor à complexidade da vida como indício de desígnio.  E recomenda aos cristãos não temer que a ciência venha a destronar Deus pois se ele existe e é todo poderoso não pode ser ameaçado pela ciência (um bom argumento, com certeza). Segue falando sobre as teorias da origem da vida na terra, mas fecha com a conclusão já bem conhecida por todos: apesar de todas as pesquisas, teorias e experimentos, a origem da vida ainda é um mistério.   Mas uma vez volta ao argumento da cautela, pois não é necessário  lançar à conta de Deus mistérios que a ciência algum dia poderá resolver (argumento também conhecido como “o Deus das lacunas”).

Sobre o registro fóssil, depois de um breve resumo, Collins mais uma vez alinha-se aos evolucionistas ao afirmar que, apesar das imperfeições e falhas, praticamente todos os achados são coerentes com o conceito de uma árvore da vida e que há evidências de transição de espécies de répteis para aves e de répteis para mamíferos.

Então, nesse ponto, passa a tratar da questão nevrálgica: as ideias evolucionárias de Darwin. Fala da viagem no navio HMS Beagle e toda aquela história já bem conhecida. Apresenta um resumo da teoria, também já de domínio do público em geral: todas as espécies descenderiam de uns poucos ancestrais, talvez de um único; que a variação das espécies ocorre de modo aleatório; que a sobrevivência ou a extinção de espécies é uma resposta adaptativa ao ambiente e que a seleção natural é o agente de todo esse processo. Fala sobre os profundos impactos e embates teóricos e teológicos originados desde então. Fala das ambíguas posições religiosas de Darwin depois da publicação de “A Origem”, que são também já bastante conhecidas do público:  Darwin, no final do livro, credita ao Criador os primeiros  ancestrais ou possivelmente o único, originador da árvore da vida. Em alguns momentos se diz agnóstico e em outros teísta.  Finalizando Collins fecha totalmente com o evolucionismo darwiniano ao afirmar que nenhum biólogo sério duvida que a teoria da evolução explique a complexidade e a diversidade da vida.  “Fica difícil imaginar como seria possível estudar a vida sem essa base”.  Mas reconhece essa como a questão mais conflituosa da ciência diante da perspectiva religiosa, notadamente nos Estados Unidos, e não vê sinais de que chegará ao fim.

Para finalizar o capítulo Collins chama o tema da genética. A teoria da evolução fora uma das ideias mais visionárias de seu tempo pois não dispunha de um mecanismo físico que a explicasse. A genética veio tempos depois para oferecer esse mecanismo. Embora Mendel, o famoso criador da genética, tenha sido contemporâneo de Darwin, eles nunca se conheceram. E também as suas ideias  ficaram esquecidas até a virada do século XX. A genética mendeliana começou a fornecer as primeiras bases para o mecanismo evolutivo. Mas somente com a descoberta de que o DNA transportava informações, feita por Watson e Crick em 1953 (faltavam 3 anos para eu nascer, hehe...) a verdadeira revolução começou na biologia. Então Collins fala de sua estupefação diante do DNA e segue por algumas páginas com um resumo explicativo do que é, como funciona e fala dos principais conceitos e funções ligados a essa maravilhosa estrutura, cujo estudo levou à criação de um campo de conhecimentos completamente novo na ciência, a Biologia Molecular.  Collins diz que o DNA pode ser desconcertante para os que adotam o argumento do “plano” como apontamento para Deus. Mas diz que para si “não há uma só partícula de decepção ou desilusão nessas descobertas”. Acredita que o fato de a evolução ser real nada diz sobre a natureza de Deus como seu criador. “Para quem acredita em Deus, agora existem motivos para ter mais fé e não menos”, conclui.

Subam as letrinhas...   fim de programa. Até o próximo post.

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