Pregação do Rev. Antônio Florêncio Neto (AFA Neto)
Pastor na Igreja Presbiteriana da Aliança – Salvador – BA
Parte II – Sábado,
31/08/2013 – Noite.
Inicialmente o Pastor AFA Neto demarcou o terreno com
duas novas citações interessantes:
1-“O maior sinal de que alguma coisa está errada com a
família é quando ela sai de casa aos domingos para comer comida caseira”.
(Mário Sérgio Cortella)
2-“Nós somos a última geração de filhos que obedeceram a
seus pais e a primeira de pais que obedecem seus filhos”. (Anônimo)
Continuando a desenvolver o tema – Nove características
do presente século que influenciam negativamente a Família:
Característica
5: A Controle-remotização da Vida
Essa característica fala da dificuldade da família
moderna em lidar abençoadoramente com a tecnologia. Quando a TV iniciou há 6 décadas a mudança de
canais era feita por um botão chamado seletor de canais. Esse botão era girado
com força e dava um estalo a cada canal selecionado. Só haviam 2 ou três canais
disponíveis. O sujeito tinha que levantar-se do sofá e ir até à TV (em
preto-e-branco) e mudar o canal. Muitas vezes, por preguiça, preferia ficar
vendo o mesmo programa para não ter que levantar-se. Comodismo. Hoje as facilidades da tecnologia estão
salvando tempo apenas para consumi-lo no uso de cada vez mais tecnologia. O que
a tecnologia proporciona em ganhos de tempo e esforços nos toma em demandas por
mais tempo e mais esforços. A
multiplicidade de comodidades e ofertas do mundo tecnológico (comida, roupa,
entretenimento, comunicação, acesso e tudo mais) gerou uma condição que
favorece o enfado e gera impaciência, indecisão, insaciedade. Uma busca nunca
satisfeita num mar quase ilimitado de opções gera insatisfação, impaciência e
tédio. A sensação de que sua escolha pode não ter sido a melhor, mas sim aquela
que foi possível diante do mar de opções tão gigantesco que não é prático
examinar, pesquisar até o fim. Essa situação estressa a mente, altera os
critérios de percepção de valor, exacerba o exótico, o original e causa enfado.
Daí emergem pessoas tensas, impacientes, com dificuldades de investir em
relações pessoais significativas. Torna-se
necessário encontrar um ponto de equilíbrio no uso da tecnologia e no seu
direcionamento para o que realmente importa, o sentido da vida e das relações
interpessoais vívidas e não somente virtuais.
Característica 6:
Vale-presentização da Vida
Fala da falta de convivência e conhecimento mútuo, de
amizades superficiais. Por não desenvolver relacionamentos mais aprofundados já
não conhecemos bem nossos amigos. Não sabemos nem escolher mais um presente que
represente gostos e afinidades. Seria
este o ápice da impessoalidade? Cintando Jean Paul Sartre, “O inferno são os
outros”.
Família só se constrói no convívio e convívio se faz com
atenção, afeição e coragem para superar todas as dificuldades que isso envolve.
É preciso conviver. Convida, apesar de ser difícil. Não há família sem
convívio.
Característica 7:
Celularização da Vida
Mais uma vez, a tecnologia e o desafio de lidar com ela.
O ser que andava tornou-se um ser móbile.
A tecnologia que foi criada para aproximar pessoas, também as afasta. O
contato remoto sacrifica o contato próximo. A tecnologia nos tornou
presentes-ausentes. Estar ali já não significa mais estar ali. Podemos estar
muito longe dali, estando ali. Pais e filhos podem estar ali mas bem distantes.
Pastores disputam sem qualquer chance a atenção contra celulares e tablets nos
cultos. Professores nas escolas e faculdades também. Empregadores e empregados nas
empresas. Por uma questão de timing os
pais não desenvolveram a mesma familiaridade com a tecnologia de comunicação
móbile. Mais barreiras. A capacidade de interagir com o círculo das amizades
dos filhos reduziu-se drasticamente. Perde-se o controle mínimo necessário à
proteção. A exposição a conteúdos
impróprios para as faixas etárias saiu completamente do controle dos pais ou de
quem quer que seja. O risco de assédio
moral e sexual elevou-se ao extremo. O
peso dos princípios e valores é relativizado pela validação de opiniões nas
mídias sociais. E assim, o que foi criado para unir, pode também separar os
seres humanos no seu núcleo mais importante, a família.
Característica 8: Despreterização
da Vida
Processo de eliminação e desprezo pela história, pelo passado,
pelo lento e gradual processo de construção de valores, de boas tradições, de
bons costumes e de respeitos. Envolve o desprezo pelas raízes, pela experiência
dos mais velhos, pelas histórias pessoais, pelas lições de vida, pelos exemplos,
pelos resultados das perdas e ganhos daqueles que já viveram mais. Fala da ilusão de construir tudo do zero, da
pretensão de derrubar marcos e destruir fundamentos. Desprezo pela realidade de
que não há história no futuro, pois toda história é passado e, portanto, não
existe futuro sem passado. No campo
moral, conversão não melhora o caráter de ninguém. Conversão transforma vidas. Quem
melhora é a educação. Caráter se constrói na família. A família tem que
perpetuar valores.
(Comentário off-line do anotador do estudo: Ousadia,
coragem para fazer diferente, pensar fora da caixa, imaginar novas soluções,
quebrar paradigmas, inovar, alterar costumes, tradições, etc., tudo isso tem
grande valor e é uma força vital da juventude sem a qual o mundo não teria tido
tanto desenvolvimento. Contudo, concordando com o pregador, isso não implica no
desprezo e na destituição do passado, pois o que hoje é considerado
ultrapassado provavelmente foi revolucionário no seu tempo. E assim caminha a
humanidade, como canta Lulu Santos).
Característica 9 –
Desfuturização da Vida
A Evolução chega ao Restart. E isso é desesperador!
(slide
muito engraçado, não revisado, colocado pelo filho adolescente do pregador,
hehe...)
Carpe Diem.
(Carpe diem é
um fragmento em latim de um poema de Horácio, popularmente traduzida para colha o dia ou aproveite o momento. Uma justificativa para o prazer imediato, sem
medo do futuro – pesquisado na Wikipedia).
Essa característica fala de desesperança, de desprezo
pelo futuro. O que importa é o hoje, o presente. Implica desprezo pela esperança cristã. Falta
de pregação escatológica. Receio de falar de céu. Tem versão pós-pentecostal: eu quero minha
bênção é agora. Na manifestação prática
mais comum observa-se na criação dos filhos: o propósito maior é cria-los para
o sucesso secular, para a conquista de seu lugar ao sol, de suas possibilidades
numa sociedade de consumo. Contrasta com
o antigo anseio comum dos pais cristãos em geral para seus filhos: temor a
Deus, saúde e caráter. Atualmente a
ideia de peregrinos, de estrangeiros e a esperança da glória praticamente remete-se
à teologia. Deixou o cotidiano cristão.
(Comentário do anotador:
Há um dito popular que cola bem aqui: “O que se leva dessa vida é a vida
que se leva”. Na versão bíblica vê-se a mesma coisa expressa nas palavras de
Paulo ao refutar a descrença na ressurreição: “Se os mortos não ressuscitam,
comamos e bebamos que amanhã morreremos”)
E com isso o pastor encerra a sua mensagem e conclama a
igreja a lutar contra essas 9 influências que minam o poder e a importância
prática dos valores cristãos no mundo moderno.
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