terça-feira, 3 de setembro de 2013

Anotações no III Congresso de Família da IPSL – Ago-Set/2013 [3]

Pregação do Rev. Antônio Florêncio Neto (AFA Neto)

Pastor na Igreja Presbiteriana da Aliança – Salvador – BA

Parte II – Sábado, 31/08/2013 – Noite. 

Inicialmente o Pastor AFA Neto demarcou o terreno com duas novas citações interessantes:
1-“O maior sinal de que alguma coisa está errada com a família é quando ela sai de casa aos domingos para comer comida caseira”. (Mário Sérgio Cortella)
2-“Nós somos a última geração de filhos que obedeceram a seus pais e a primeira de pais que obedecem seus filhos”. (Anônimo)

Continuando a desenvolver o tema – Nove características do presente século que influenciam negativamente a Família:

Característica 5:  A Controle-remotização da Vida

Essa característica fala da dificuldade da família moderna em lidar abençoadoramente com a tecnologia.  Quando a TV iniciou há 6 décadas a mudança de canais era feita por um botão chamado seletor de canais. Esse botão era girado com força e dava um estalo a cada canal selecionado. Só haviam 2 ou três canais disponíveis. O sujeito tinha que levantar-se do sofá e ir até à TV (em preto-e-branco) e mudar o canal. Muitas vezes, por preguiça, preferia ficar vendo o mesmo programa para não ter que levantar-se. Comodismo.  Hoje as facilidades da tecnologia estão salvando tempo apenas para consumi-lo no uso de cada vez mais tecnologia. O que a tecnologia proporciona em ganhos de tempo e esforços nos toma em demandas por mais tempo e mais esforços.  A multiplicidade de comodidades e ofertas do mundo tecnológico (comida, roupa, entretenimento, comunicação, acesso e tudo mais) gerou uma condição que favorece o enfado e gera impaciência, indecisão, insaciedade. Uma busca nunca satisfeita num mar quase ilimitado de opções gera insatisfação, impaciência e tédio. A sensação de que sua escolha pode não ter sido a melhor, mas sim aquela que foi possível diante do mar de opções tão gigantesco que não é prático examinar, pesquisar até o fim. Essa situação estressa a mente, altera os critérios de percepção de valor, exacerba o exótico, o original e causa enfado. Daí emergem pessoas tensas, impacientes, com dificuldades de investir em relações pessoais significativas.   Torna-se necessário encontrar um ponto de equilíbrio no uso da tecnologia e no seu direcionamento para o que realmente importa, o sentido da vida e das relações interpessoais vívidas e não somente virtuais.

Característica 6: Vale-presentização da Vida

Fala da falta de convivência e conhecimento mútuo, de amizades superficiais. Por não desenvolver relacionamentos mais aprofundados já não conhecemos bem nossos amigos. Não sabemos nem escolher mais um presente que represente gostos e afinidades.  Seria este o ápice da impessoalidade? Cintando Jean Paul Sartre, “O inferno são os outros”.  
Família só se constrói no convívio e convívio se faz com atenção, afeição e coragem para superar todas as dificuldades que isso envolve. É preciso conviver. Convida, apesar de ser difícil. Não há família sem convívio.

Característica 7: Celularização da Vida

Mais uma vez, a tecnologia e o desafio de lidar com ela. O ser que andava tornou-se um ser móbile.  A tecnologia que foi criada para aproximar pessoas, também as afasta. O contato remoto sacrifica o contato próximo. A tecnologia nos tornou presentes-ausentes. Estar ali já não significa mais estar ali. Podemos estar muito longe dali, estando ali. Pais e filhos podem estar ali mas bem distantes. Pastores disputam sem qualquer chance a atenção contra celulares e tablets nos cultos. Professores nas escolas e faculdades também. Empregadores e empregados nas empresas.  Por uma questão de timing os pais não desenvolveram a mesma familiaridade com a tecnologia de comunicação móbile. Mais barreiras. A capacidade de interagir com o círculo das amizades dos filhos reduziu-se drasticamente. Perde-se o controle mínimo necessário à proteção.  A exposição a conteúdos impróprios para as faixas etárias saiu completamente do controle dos pais ou de quem quer que seja.  O risco de assédio moral e sexual elevou-se ao extremo.  O peso dos princípios e valores é relativizado pela validação de opiniões nas mídias sociais. E assim, o que foi criado para unir, pode também separar os seres humanos no seu núcleo mais importante, a família.

Característica 8: Despreterização da Vida

Processo de eliminação e desprezo pela história, pelo passado, pelo lento e gradual processo de construção de valores, de boas tradições, de bons costumes e de respeitos. Envolve o desprezo pelas raízes, pela experiência dos mais velhos, pelas histórias pessoais, pelas lições de vida, pelos exemplos, pelos resultados das perdas e ganhos daqueles que já viveram mais.  Fala da ilusão de construir tudo do zero, da pretensão de derrubar marcos e destruir fundamentos. Desprezo pela realidade de que não há história no futuro, pois toda história é passado e, portanto, não existe futuro sem passado.  No campo moral, conversão não melhora o caráter de ninguém. Conversão transforma vidas. Quem melhora é a educação. Caráter se constrói na família. A família tem que perpetuar valores.

(Comentário off-line do anotador do estudo: Ousadia, coragem para fazer diferente, pensar fora da caixa, imaginar novas soluções, quebrar paradigmas, inovar, alterar costumes, tradições, etc., tudo isso tem grande valor e é uma força vital da juventude sem a qual o mundo não teria tido tanto desenvolvimento. Contudo, concordando com o pregador, isso não implica no desprezo e na destituição do passado, pois o que hoje é considerado ultrapassado provavelmente foi revolucionário no seu tempo. E assim caminha a humanidade, como canta Lulu Santos).

 
Característica 9 – Desfuturização da Vida

A Evolução chega ao Restart.  E isso é desesperador!
(slide muito engraçado, não revisado, colocado pelo filho adolescente do pregador, hehe...)

Carpe Diem.  

(Carpe diem é um fragmento em latim de um poema de Horácio, popularmente traduzida para colha o dia ou aproveite o momento. Uma justificativa para o prazer imediato, sem medo do futuro – pesquisado na Wikipedia).

Essa característica fala de desesperança, de desprezo pelo futuro. O que importa é o hoje, o presente.  Implica desprezo pela esperança cristã. Falta de pregação escatológica. Receio de falar de céu.  Tem versão pós-pentecostal: eu quero minha bênção é agora.  Na manifestação prática mais comum observa-se na criação dos filhos: o propósito maior é cria-los para o sucesso secular, para a conquista de seu lugar ao sol, de suas possibilidades numa sociedade de consumo.  Contrasta com o antigo anseio comum dos pais cristãos em geral para seus filhos: temor a Deus, saúde e caráter.  Atualmente a ideia de peregrinos, de estrangeiros e a esperança da glória praticamente remete-se à teologia. Deixou o cotidiano cristão.

(Comentário do anotador:  Há um dito popular que cola bem aqui: “O que se leva dessa vida é a vida que se leva”. Na versão bíblica vê-se a mesma coisa expressa nas palavras de Paulo ao refutar a descrença na ressurreição: “Se os mortos não ressuscitam, comamos e bebamos que amanhã morreremos”)


E com isso o pastor encerra a sua mensagem e conclama a igreja a lutar contra essas 9 influências que minam o poder e a importância prática dos valores cristãos no mundo moderno.

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